quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Nunca passa...mas quase passa todos os dias.


Por um instante quis sentir falta de alguém, mas não consegui me lembrar de ninguém. Por outro instante quis inventar uma pessoa, mas eu era tão de verdade naquele momento que me faltou capacidade para ser enganada. Na cidade mais romântica do mundo amei meu medo, meu quarto, minha cama, meu banheiro, minha coragem, minhas próximas horas pelo resto da vida, minha quase morte que agora me enchia de novidades, meu silêncio, a extensão do meu pânico curioso que iluminava toda a cidade, minha tranquilidade madura, toda a bagunça da minha cabeça. Sim, a garotinha magrinha, branquelinha, assustada, sensível, cheia de ódios, cheias de erros e cheia de si, agora apenas recomeçava no corpo de uma mulher invisível. Amei que o mundo estava em festa e meu convite dava direito apenas a uma pessoa.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Meus dilúvios imaginários ainda faço no chuveiro!

"Ontem eu sonhei que voce jogava algumas das suas coisas fora, e eu te ajudava a empacotar aquelas que não iam ser usadas por muito tempo, coisas sem importância na sua vida, e percebei que alguns dos meus presentes estavam no meio. Eu sabia o que significava. As vezes é preciso jogar o que é supérfluo fora pra dar lugar a coisas mais importantes. Nao fiquei triste, sequer achei ruim isso, na verdade achei ótimo voce se livrar dos excessos que tive com voce. Foram tantas bugigangas "presenteadas" na saida do cinema e no banco da praça. Coisas sem sentido que eu te entregava como uma forma de te dizer que aquele momento era importante, mas dois dias depois voce nem sabe como aquilo foi parar ali. Ninguém merece guardar coisas que não fazem mais sentido só porque um dia elas fizeram pra voce ou para alguém. Nos poucos segundos que esse sonho durou eu sabia que eu estava fazendo o mesmo com meu armário. Aos poucos colocando algumas coisas no lixo, outras me esforçando pra lembrar para que serviam mesmo.
Um dia abri meu armário e vi um objeto amarelo que consistia em duas hastes de plástico unidas por elásticos nas pontas deixando-as bem juntas uma da outra. Passei um tempo tentando entender pra que servia aquilo. Descobri quem me deu. Mas não me lembrava de maneira nenhuma pra que servia. Alguns minutos depois e depois de tentar usar de todas as formas entendi: era um espremedor de pasta de dentes!
Alguns segundos depois entendi que aquele era o melhor presente que eu já tinha recebido. Não tinha botões, nem uma frase escrita, nada de revelador, nem vinha com manual de instruções. Nenhuma advertência do tipo "Mantenha fora do alcance de crianças" ou "Não utilize em animais de estimação".

Muito parecido com a gente, tínhamos em maos alguma coisa que nem imaginávamos pra que servia, nem sequer tínhamos um passo-a-passo pra usar, descobrimos que era uma das melhores coisas que já conhecemos. Mas acabamos não usando porque insistimos em complicar tudo sempre!

O meu espremedor? Nao joguei fora... Algumas coisas simples fazem muito sentido, mesmo depois de muito tempo.